Bruno Ribeiro :: estudante de jornalismo
O controle da mídia no Brasil e sua associação com a política são evidentes, não há como fazer política nacional sem a mídia. No contexto atual há uma constante dúvida sobre em quem confiar a respeito da política, tema muito exaltado pela circulação das fake news. Essa vinculação entre mídia e política foi novamente reforçada, a partir outra associação, essa histórica, mas que parece estar muito mais ativa e influente na atualidade, a religião.
Segundo o website Media Ownsership Brazil, organização que trabalha junto com o Intervozes pela efetivação do direito humano à comunicação no Brasil e da democracia, dos 50 veículos pesquisados pelo MOM, nove são de propriedade de lideranças religiosas, todas cristãs. A grande difusão da religião na mídia foi na década de 80 com os programas de pregação nas rádios. No entanto, atualmente as instituições religiosas não usam mais da mídia somente para pregações, mas para promover uma destacável agenda política.
O Grupo Record, formado hoje pela RecordTV, a RecordNews, o Portal R7 e o jornal Correio do Povo, pertence desde 1989 ao bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), hoje o mais ativo e bem-sucedido empreendimento religioso. A IURD é conhecida por sua grande influência política, que não envolve somente alguns políticos e sim partidos inteiros, como o Partido Republicano Brasileiro (PRB), liderado pelo também bispo Marcos Pereira. O PRB, atual aliado do PSL e do governo do presidente Jair Messias Bolsonaro, possui 31 deputados federais na câmara dos deputados e 1 senador no Congresso Nacional em Brasília, além de mais 42 deputados estaduais e 106 prefeitos.
A influência dos bispos da Record, no entanto, não está restrita somente a políticos do seu partido, o PRB. Tanto a igreja como sua emissora exercem por anos influência sobre políticos do Congresso. Entre eles encontram-se, pelas afiliadas da RecordTV, os senadores Romero Jucá e Marcos Reategui Souza, ambos do PMDB, Roberto Coelho Rocha do PSB e José Agripino Maia do DEM.

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